terça-feira, 1 de dezembro de 2009

ANUARITE NENGAPETA, “servir e tornar feliz”


No dia 1 de Dezembro de 1978, milhares de pessoas enchem a catedral de Isiro, no antigo Zaire, para se inclinarem diante do caixão de uma jovem religiosa morta catorze anos antes pelos soldados rebeldes Simba. Apesar desse acontecimento trágico é a alegria que predomina entre a multidão, pois a jovem serva de Deus foi reconhecida como venerável. Em 1985, o papa João Paulo II beatificá-la-á na capital, Kinshasa, diante dos seus parentes. Anuarite Nengapeta é a primeira congolesa elevada aos altares.

Anuarite nasceu a 29 de Dezembro de 1939 em Wamba, na República Democrática do Congo (na altura Congo Belga). Era a quarta de uma família de seis crianças. Quando, juntamente com a mãe, recebeu o baptismo aos seis anos de idade, escolheu acrescentar o nome Afonsina.

Vocação

Rapariga sensível, alegre e dinâmica, é muito popular entre as colegas de escola e suficientemente atractiva para os olhares dos rapazes. Mas Afonsina quer ser religiosa. Devido à recusa da mãe, acabará por fugir de casa para ingressar no convento. Tem então quinze anos. Aí estuda e tira um curso de professora. Revela-se zelosa na ajuda ao próximo e sempre disponível para visitar os doentes. Apesar da sua natureza nervosa e de frágil saúde preocupa-se sempre mais com os outros que de si própria.

Afonsina professa os primeiros votos a 5 de Agosto de 1959, assumindo o nome religioso de Irmã Anuarite Maria Clementina. Obediente, não deixa de ser franca educadamente. Trata e estima todos da mesma forma, não olhando a etnias, questão tão sensível nessa região de África.

A sua caridade e abnegação farão dela uma excelente pedagoga nas escolas por onde passou. O ensino é para ela um verdadeiro apostolado e o seu lema profissional consiste em “servir e tornar feliz”. Dos alunos diz que é preciso “cativá-los pela palavra, ensiná-los, apoiando-se em Deus e oferecer sacrifícios” por eles. Tem especial atenção àqueles que têm uma vida difícil.


Martírio

O Congo Belga torna-se independente em 1960, mas as perturbações políticas acrescem com os rebeldes Simba que espalham o terror. Anuarite tem consciência do perigo mas, confiante, escreve: “A nossa vocação é o amor. Servir Deus. O Senhor Jesus, quando nos chamou, pediu-nos o sacrifício das coisas do mundo, o sacrifício do amor humano, o sacrifício da nossa própria pessoa.”

A 29 de Novembro, os rebeldes invadem o convento raptando as irmãs. Anuarite é uma das religiosas que os soldados cobiçam para abusarem dela. Mas ela recusa-se repetidamente pois prefere morrer a desonrar as suas convicções e os seus votos. Agredida, a jovem responde: “Perdoo-vos porque não sabeis o que fazeis.” Morre no dia 1 de Dezembro de 1964 com 25 anos.


O povo zairense reconhece em Anuarite uma mártir e imediatamente começa a venerá-la, sendo-lhe atribuídas diversas graças e milagres.

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